Guilherme Reis
O Tempo
O Tempo
Representantes de movimentos sociais acreditam que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de toda a
contestação pela qual passa o PT, tem legitimidade para organizar a
esquerda brasileira e defender o partido.
No próximo mês, Lula irá
percorrer o país para conversar com os movimentos sociais e sindicais e
tentar suturar as feridas que acometeram a legenda devido aos escândalos
de desvio de dinheiro público na Petrobras.
Com o objetivo de recuperar a credibilidade do PT
com sua base social, o ex-presidente Lula vai colocar o pé na estrada e
se encontrar com entidades organizadas no fim de junho.
A iniciativa da
maior estrela petista será também para defender o atual governo.
A secretária executiva da União Nacional por Moradia
Popular (UNMP), Evaniza Rodrigues, entende que Lula continua sendo uma
referência importante e atuante.
“Ele faz parte do processo de
consolidação dos movimentos sociais e do pensamento progressista no
Brasil.
Já estivemos com ele em abril e o contato é recorrente. Ele tem
muita força para unir os setores da sociedade”, acredita.
Mas, para Evaniza, é necessário que o ex-presidente
reafirme o compromisso com as demandas da UNMP. “O Lula tem seu papel na
história, mas não significa que concordamos em tudo. Apoiamos quem
defende nossa pauta”.
AS COISAS MUDARAM
Com posicionamento mais crítico, o coordenador
nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Rubem Siqueira enfatiza que
Lula não tem o mesmo poder de influência que já teve no passado. No
entanto, a proximidade dos governos petistas com as organizações sociais
ainda rende uma retaguarda importante para o PT.
“Ainda restou alguma influência ao Lula, mesmo após a
derrocada do PT. Ele receberá apoio dos setores que estão ligados
umbilicalmente à estrutura do governo federal.
Ele também vai ter o
apoio de movimentos que estão preocupados com a atual conjuntura do
país, que é a mobilização da direita”, pontua.
Siqueira reitera que uma figura populista como a de
Lula não é a ideal para a defender o desenvolvimento social no Brasil.
“Sempre tivemos essa figura populista, de caudilho, mas uma liderança
pessoal forte acaba se permeando por uma disjunção corrupta. O ideal
seria que a sociedade civil organizada, a partir de uma grande rede de
mobilização, provoque as mudanças e imponha limites a quem está no
poder”, diz ele, acrescentando:
“Espero que não apareça mais nenhuma figura como os
ex-presidentes Lula, Juscelino Kubitschek ou Getúlio Vargas. A sociedade
organizada é que precisa se ver como responsável por mudanças.
Precisamos superar esse esquema de figuras populistas”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula pode viajar à vontade, mas deve se lembrar do Clube da Esquina, porque nada será como antes. Hoje, ele se tornou uma pálida lembrança daquele grande líder sindical que um dia foi. É uma caricatura de si mesmo. Chega a ser constrangedor. (C.N.)
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