Fernando Canzian
Folha
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O Brasil tem um déficit habitacional estimado em 5,2 milhões de
residências. Isso inclui moradores de favelas, pessoas que dividem
precariamente casas com parentes e sem-tetos. Com o envelhecimento da
população, com mais gente casando e tendo filhos, o número deve saltar a
20 milhões daqui a dez anos, segundo estimativa da Fundação Getúlio
Vargas.
Agora pipocam em todo o país notícias sobre atrasos nos desembolsos
dos pagamentos do Minha Casa Minha Vida. A situação é mais grave no
Nordeste, onde várias construtoras paralisaram suas atividades por falta
de repasses da Caixa Econômica Federal.
Criado durante o governo Lula, a crise do MCMV é mais uma das heranças malditas deixadas pelo governo Dilma 1.
HISTÓRIA DE SUCESSO
Até os problemas atuais, o programa era visto como uma história de
sucesso, com cerca de 2,7 milhões de unidades construídas em suas
versões 1 e 2. A terceira fase, sob Dilma, ainda não saiu do papel.
A Caixa também acaba de anunciar a redução do teto de financiamento
para imóveis usados. Caiu de 80% do valor do imóvel para, no máximo,
50%. O crédito da Caixa é uma das principais portas de entrada para quem
compra uma casa.
Com a elevação da taxa básica de juros (a Selic) e o descontrole da
inflação, também está cada vez mais difícil, em qualquer faixa de preço
ou renda, financiar a compra de um teto.
UMA CRISE AGUDA
Os números gerais do setor mostram uma crise aguda. Entre 2013 e
2014, o setor imobiliário vendeu, em valores, cerca de 40% menos,
deixando mais gente longe do sonho da casa própria.
Em termos de emprego, a construção demitiu 300 mil trabalhadores
formais (de um total de 3,3 milhões) nos últimos seis meses, inaugurando
a primeira retração na área em 12 anos.
A retração econômica atual é ruim para todo mundo. Mas é pior para
quem ainda não tem onde morar direito. E para os que vivem de trabalho
pouco qualificado, como na construção, o que é a regra no Brasil.
Tribuna da Internet