sábado, 16 de maio de 2015

O GOVERNO JÁ ACABOU, MAS DILMA INSISTE EM FINGIR QUE GOVERNA

Carlos Newton


A situação política no Brasil chegou a um ponto extravagante. A presidente Dilma Rousseff finge não ter sido eleita pela PT e se comporta como se não pertencesse ao partido. 

O ex-presidente Lula faz o contrário – defende desesperadamente o partido e tenta transparecer que não tem culpa de nenhum dos erros e malfeitos do governo. 

E o PT completa o enigma, fingindo não ter elegido Dilma Rousseff, criticando decisões do governo e prestigiando Lula em todos os sentidos. 

Pode-se até dizer, sem medo de errar, que nunca antes, na História deste país, se viu bagunça igual.

É claro que esta estranhíssima composição política não pode dar certo, pois mantém o clima sempre instável e agitado, com pancadas repentinas a qualquer momento e sem a menor possibilidade de melhorar no decorrer do período.

Reclusa no pequeno percurso entre os palácios da Alvorada e do Planalto, a presidente Dilma simplesmente abdicou de governar. 

Terceirizou a articulação política para Michel Temer (PMDB) e a condução da economia para Joaquim Levy (PSDB), deixando o resto de lado, só se preocupa com a dieta e as operações plásticas que a cada ano vão modificando suas feições.

E não adianta a presidente Dilma aparecer no noticiário entregando casas populares, se reunindo com o Comitê Olímpico e visitando obras do metrô, numa patética tentativa de mostrar que o governo está funcionando, quando todos sabem que a administração pública ficou congelada pela crise, o imobilismo é contagiante.

SEM BASE ALIADA

O pior é tentar conduzir o governo sem maioria no Congresso. Isso jamais funciona. Foi assim que João Goulart, Jânio Quadros e Fernando Collor se estabanaram.

 É para isso que servem o PMDB, o PP, o PCdoB, o PTB, o PV e até o PDT. Eles sempre dão um jeito de apoiar o governo, qualquer governo, para arrancar a parte que julgam lhes caber no latifúndio administrativo. Mas quando o governo fica enfraquecido, a base aliada logo se desfaz. Não adianta esse festival de nomeações dos últimos dias. 

É nuvem passageira.

Lula sempre esteve ciente desta necessidade e foi por isso que mandou criar o mensalão, o petrolão e os demais esquemas de arrecadação de propinas e utilização de recursos públicos que chegaram a envolver praticamente toda a administração federal direta e indireta, conforme vai ficando cada vez mais claro nas denúncias reveladas diariamente pela mídia.

 Mas a fonte secou e nenhum governo consegue se sustentar em meio a uma crise tão corrosiva.

ENCONTRO MARCADO

A aceitação do advogado Fachin para o Supremo e a desajustada aprovação do ajuste fiscal pouco significam, apenas vitórias efêmeras. A realidade é que este governo acabou antes mesmo de começar, embora a oposição seja fraquíssima e até mesmo inoperante. 

Neste quadro, a ainda presidente Dilma Rousseff sabe que tem um encontro marcado com o fracasso. 

A única dúvida é saber por quanto tempo ela seguirá fingindo que está governando.

Dilma talvez esteja se mirando no exemplo da Bélgica, que recentemente ficou alguns anos sem governante. Ninguém sentiu falta e o país seguiu em frente, sem ter primeiro-ministro. Mas acontece que na Bélgica a administração pública funciona, cada um sabe que tem de cumprir seu dever, enquanto no Brasil…

Tribuna da Internet