sexta-feira, 29 de maio de 2015

POR UMA OPERAÇÃO LAVA-JATO NA CBF

Bernardo Mello Franco
Folha
 
Depois do 7 a 1 para a Alemanha, o Brasil levou uma nova goleada dos Estados Unidos e da Suíça. Os dois países, que nunca ganharam a Copa do Mundo, merecem uma medalha pela prisão de José Maria Marin.

 Talvez a encontrem no bolso do cartola, que já foi flagrado surrupiando premiações de jogadores.

A devassa na Fifa precisa ser o pontapé inicial de uma investigação séria dos desmandos no futebol brasileiro.

 É hora de deflagrar uma Lava Jato da bola, começando pelos negócios suspeitos da CBF e pelas obras bilionárias do Mundial de 2014.

A apuração não pode se restringir à triste figura de Marin, um viúvo da ditadura militar que ressurgiu das cinzas como boleiro.

 Ele é indissociável do antecessor, Ricardo Teixeira, e do sucessor, Marco Polo Del Nero.
Quando o novo escândalo estourou, a CBF soltou uma nota tentando se desvincular de Marin.

 Não convenceu nem Dona Lúcia, a velhinha que acreditava no Felipão. 

Além de batizar a sede da entidade, o cartola preso é seu atual primeiro vice-presidente e substituto imediato de Del Nero.

 O segundo é Fernando Sarney, filho de quem o sobrenome indica.

MAIS UMA CPI

Por muitos anos, o discurso de que a CBF é privada foi usado para barrar a investigação de seus dribles na lei.

 A tese omite que a confederação se mantém intocável graças à proximidade com os políticos.

 Hoje sua diretoria abriga dois deputados, Marcelo Aro (PHS-MG) e Vicente Cândido (PT-SP), que tentam derrubar as medidas saneadoras da MP do Futebol.

O senador Romário (PSB-RJ) quer criar uma CPI sobre o novo escândalo. 

 A ideia é oportuna, mas não deve substituir outras ações na esfera judicial. 

Como mostrou o FBI em Zurique, as coisas só vão mudar se a Polícia Federal e o Ministério Público também entrarem no jogo.

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PS –
A manobra para ressuscitar as doações privadas lembrou quem realmente manda na Câmara: as empresas que financiam as campanhas.

Tribuna da Internet