sexta-feira, 29 de maio de 2015

QUASE 100 ANOS DEPOIS, NOSSA POLÍTICA NÃO MUDOU NADA

Acílio Lara Resende
Revolta da Vacina O Tempo
 
No momento em que o país passa por inúmeros e gravíssimos problemas, veio-me às mãos, por gentil obséquio do meu amigo Ronaldo Macedo, o livro do escritor mineiro Jorge Azevedo “Eles Deixaram Saudade”. 

Detive-me num soneto, nele transcrito, do poeta, jornalista e romancista cearense (publicou um só romance) Antônio Sales (1868-1940), amigo de Machado de Assis; ajudou-o a fundar a Academia Brasileira de Letras, mas, por não ser bom orador, se negou a fazer parte dela.
O soneto se refere ao governo de Arthur Bernardes (de 15.11.1922 a 15.11.1926) ou Washington Luís (de 15.11.1926 a 15.11.1930):

“Este país vai todo em polvorosa.  
A anarquia por toda parte impera.  
A lei sucumbe, inerente e dolorosa.

A tirania, estúpida, prospera.

Da traição medra a planta venenosa,

a semente dos ódios prolifera,

a dilapidação campeia e goza

das vacas gordas a ditosa era…

As eleições são conto do vigário,

couro e cabelo tira-nos o erário,

geme a lavoura, os bancos não têm fundos…

Mas, para consolar-nos desse inferno,

brevemente, a mensagem do governo

dirá que estamos no melhor dos 

mundos.

O que flagrou o poeta há 90 anos é quase nada diante do que vivemos hoje – o completo abastardamento da política brasileira.

 Uma calamidade!

Tribuna da Internet