Heron Guimarães
O Tempo
O Tempo
O segundo panelaço do ano foi uma pancada na cabeça do PT. Certo. Mas
de qual PT? Pois, agora, é assim: temos o PT de Lula; o PT de Dilma,
que pode ser confundido com o governo; o PT dos sonhos, defendido por
algumas figuras icônicas da intelectualidade brasileira, e o PT de fato,
que reúne todos em uma sigla desnorteada e gera “desertores” como Marta
Suplicy e “desolados” como Aloizio Mercadante.
A verdade é que o panelaço acertou todos os petistas, incluindo os de
bom coração e os honestos, que se sangram ao ter que sair em defesa do
indefensável.
Mas quem se beneficia da sangria deste PT de outro mundo? O PSDB? Mas
qual PSDB? Pois, agora, também é assim: temos o PSDB do Aécio, que
imagina um impeachment da presidente; o PSDB do Alckmin, que se vira
para evitar desgaste e torce para que o aliado mineiro tropece, e o PSDB
de FHC, que possibilita coisas estranhas, como se associar ao PT para
defender as mesmas coisas. Como o PT, tem ainda o PSDB de fato, que
reúne todos os outros e que só sabe que não sabe mesmo o que vai fazer.
QUAL PMDB?
Pode-se dizer também que a crise de governabilidade de Dilma e um
Lula cada vez mais enfraquecido, além deste PSDB estonteado, beneficiem o
PMDB. Mas qual PMDB? Pois, desde sempre, foi assim: existe o PMDB do
“bem” e do “mal”, com agravantes, pois, agora, existe o PMDB de Cunha, o
de Calheiros e o de Temer. Ah, claro! Existe o PMDB de fato, o que
reúne todos os outros e que vai seguindo com seu eterno e
“indispensável” fisiologismo.
Com as três principais forças políticas do Brasil tomadas por surtos
esquizofrênicos, o que dizer então da economia em frangalhos, do
desemprego em alta, das fábricas quase parando e do custo de vida
aumentando?
UM NOVO TEMPO
Apesar de parecer, o país não está do lado avesso. Pelo contrário,
ele está sendo colocado do lado certo, com empreiteiros sendo presos,
escândalos descobertos e uma profusão de democracia, apesar de algumas
recaídas (vide agressões aos professores no Paraná), capazes de
estabelecer uma nova (des) ordem social. É um novo tempo.
A carência é do advento de uma liderança, como ocorria em outros
tempos, capaz de se estabelecer sobre PT, PSDB e PMDB ou aglutinar o
melhor de cada uma dessas legendas.
Certamente, ela existe e não é messiânica. Também não está entre os
atuais lobos e falsos cordeiros. É preciso que novos lobinhos e
cordeirinhos se apresentem para que a população se acalme e o país do
futuro que nunca chega tenha ao menos um pouco de tranquilidade para
mudar algumas coisinhas e continuar o mesmo, rumando para dias melhores
com pernas curtas, passos de tartaruga e muita, mas muita paciência de
sua gente.
Tribuna da Internet