Mario Cesar Carvalho e Flávio Ferreira
Folha
Após negociações que se arrastam desde janeiro, o empresário Ricardo
Pessoa, dono da UTC e da Constran, assina hoje em Brasília o mais
esperado acordo de delação da Operação Lava Jato.
Pessoa é o primeiro dono de empreiteira a assinar esse tipo de acordo
para ter uma pena menor.
Até agora, os delatores mais graduados da Lava
Jato eram dois executivos da Camargo Corrêa, que ocupavam a presidência
e a vice-presidência da empreiteira, mas foram afastados.
O grupo UTC-Constran tem 29 mil funcionários e faturou R$ 5 bilhões no ano passado.
Além de prometer revelar o que sabe, Pessoa vai pagar uma multa, cujo
valor nas últimas conversas com procuradores era de R$ 55 milhões.
O empresário é acusado por delatores de chefiar um grupo de
empreiteiras que se reuniam para discutir quem ficaria com obras da
Petrobras, o que pode caracterizar cartel.
O acordo será assinado na Procuradoria-Geral da República porque
Pessoa citou uma série de parlamentares, que só podem ser processados
pelo STF, e porque as conversas com a força-tarefa do Ministério Público
Federal em Curitiba fracassaram.
Como havia interesse para que Pessoa revelasse o que sabe, o
procurador-geral Rodrigo Janot indicou homens de sua extrema confiança
para prosseguir com as conversas. A tática deu certo.
CAMPANHA DE DILMA
Pessoa deve oficializar o que já narrou na fase de negociação. Ele
contou, por exemplo, que doou R$ 7,5 milhões para a última campanha da
presidente Dilma Rousseff (PT) por temer retaliações do partido nos
contratos que tinha com a Petrobras, conforme a Folha revelou no sábado
(9).
Segundo Pessoa, a doação foi acertada com Edinho Silva, tesoureiro da
campanha de Dilma e atual ministro da Secretaria de Comunicação Social –
ele e o PT disseram que todas as doações ao partido seguiram a lei
eleitoral.
O empresário também contou que pagou propina para conseguir o contrato da obra da usina nuclear de Angra 3.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Dependendo de quanto
falar e da forma com que falar, Pessoa pode ser um homem-bomba tão
importante quanto Youssef, Costa e Barusco. O Planalto, o PT e o
Instituto Lula estão em pânico. (C.N.)
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