Carlos Newton
A imprensa está fazendo as mais absurdas especulações sobre o
rompimento entre o ex-presidente Lula e sua sucessora Dilma Rousseff,
como se isso fosse algo de novo.
Na verdade, há mais de dois anos eles
já não se falavam direito.
O problema começou em 2012, quando Lula
percebeu que Dilma não iria abrir mão da candidatura à reeleição.
Devagar, devagarinho, a presidente parou de aceitar sugestões dele,
passou a nomear ministros por conta própria e começou a tocar o governo
sozinha.
Quando o movimento “Volta, Lula” cresceu dentro do PT, no ano
passado, Dilma deu um golpe mortal nele, ao ameaçar divulgar os absurdos
gastos do cartão corporativo de Rosemary Noronha, feitos no Brasil e
nas 32 viagens internacionais em que acompanhou Lula, na ausência da
primeira-dama titular Marisa Letícia.
Lula teve de se conformar em sair candidato apenas em 2018. Portanto,
não foi por mera coincidência que ele participou o mínimo possível da
campanha eleitoral de Dilma e fez uma aparição meteórica na festa da
posse.
Entrou, tirou fotos protocolares com a presidente reeleita e foi
logo embora.
GOVERNO NATIMORTO
O segundo governo de Dilma acabou sem ter começado.
Antes de assumir,
ela já havia aceitado terceirizar o comando da economia, entregando-o a
um representante da banca.
Mas não adiantou nada, ela entrou em
desespero, pediu ajuda a Lula.
Rispidamente, ele respondeu que não iria a
Brasília, se ela quisesse encontrá-lo, que viajasse a São Paulo.
Na
quinta-feira antes do Carnaval, Dilma pegou o avião e foi se reunir com
ele.
Dilma ouviu poucas e boas, como se dizia antigamente.
Depois de
espinafrá-la, Lula mandou que ela procurasse Renan Calheiros e Eduardo
Cunha, se recompusesse com o PMDB, restaurasse a base aliada, demitisse
Pepe Vargas das Relações Institucionais e Aloizio Mercadante da Casa
Civil. Dilma voltou arrasada a Brasília e foi passar o Carnaval na
Bahia.
Na semana seguinte Lula foi a Brasília, se reuniu com a cúpula do
PMDB e com as lideranças do PT.
Dilma até tentou seguir os conselhos
dele, mas não demitiu Mercadante nem Pepe Vargas.
Lula se aborreceu, a
situação se complicou, Dilma teve de terceirizar também a articulação
política, pedindo socorro ao vice Michel Temer, que ela desprezara
durante quatro anos, trocou Pepe Vargas de ministério e não demitiu
Mercadante.
Lula ficou furioso, decidiu procurar um Plano B.
PLANO B DE LULA
Como não há perspectivas de reversão da crise a médio prazo e Dilma
não tem salvação, Lula resolveu cuidar da vida.
Não esperava que o
segundo mandato da presidente fosse um fracasso tão grande, a ponto de
inviabilizar a candidatura dele em 2018.
Por isso, quem entrou no
desespero agora foi ele, que está saindo em busca do tempo perdido.
E
pela primeira vez Lula está dizendo verdades.
Suas críticas ao governo
Dilma e ao PT são todas procedentes.
Ninguém se atreve a responder.
Acontece que seu apregoado sonho de mudar o Brasil não existe mais.
Todos já sabem que os petistas deixaram o país em segundo plano.
Conforme disse Lula, cada um tratou de arranjar um jeito de se arrumar,
esta é a realidade.
O programa do partido não existe mais.
No PT de
hoje, tudo soa falso.
A revolução que Lula prega não virá dos trabalhadores, ninguém mais
acredita nisso.
Ele mesmo é um líder tão falso quanto o partido.
A única
esperança dos brasileiros vem do Paraná.
Se der certo o esforço da
Polícia Federal, do Ministério Público e do juiz Sérgio Moro, realmente
haverá algo de novo em que acreditar.
Se eles fracassarem,
continuaremos perguntando que país é esse… E Lula até terá chances de
voltar a ser presidente.
Tribuna da Internet