sábado, 5 de dezembro de 2015

Caia quem caia, a recessão é brutal

Fernando Canzian
Folha


A aceitação do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff veio um dia depois de conhecermos a brutal recessão que o país atravessa. Recessão com inflação de 10% ao ano. Dilma se mantinha há meses em situação de impasse político no Congresso, refém de um presidente da Câmara inadequado para o cargo e também ameaçado. A situação e o jogo jogado no Congresso eram deprimentes e ajudaram a acabar com o que sobrava da reputação da presidente e do PT. Dos parlamentares, já se esperava o pior.

Fora as chantagens políticas, nada de relevante foi aprovado no Congresso neste ano. E a falta de medidas para reequilibrar as contas públicas foi arruinando o país rapidamente.

A presidente agora sob ameaça é considerada razão para muitos empresários e consumidores pisarem no freio. Derrubando o PIB de forma inédita.

OS MAIS POBRES SOFREM

Mas esse é só um pedaço da história, dos que têm onde cortar. Entre os mais pobres, o governo Dilma 2 se revelou um verdadeiro pesadelo cujo fim pode chegar apenas em 2018 ou além.

Quase 40% dos brasileiros vivem com menos de R$ 15,60 ao dia, segundo estratificação do Datafolha. Numa pobreza tão grande a ponto de mais de 50 milhões estarem em famílias que recebem o Bolsa Família.

O peso da atual recessão com forte inflação sobre eles é gigantesco, afeta o prato e é onde o desemprego mais faz vítimas.

O IBGE mostrou que a queda no consumo das famílias vem se aprofundando em ritmo chocante. Do trimestre findo em dez. 2014 ao que terminou em set. 2015, elas consumiram 5,7% menos, o maior tombo desde 1996.

O processo de impeachment não resolve nada disso, ao menos no curto e médio prazos.

Mas, levando ou não à destituição de Dilma, funcionará como uma espécie de “reset”. Com um arranjo posterior diferente deste que nos envenenou em 2015.

Tribuna da Internet