domingo, 21 de fevereiro de 2016

Entenda com Dilma conseguiu levar o Brasil ao caos

Moacir Pimentel


A economista Dilma Rousseff diz que não se apercebeu antes do tamanho da crise. Controversa a afirmação. Engraçado que a crise, nos seus primórdios, tenha sido só para inglês ver. Pois a Bíblia Sagrada dos economistas e investidores bem que tentou avisar à moça. Em 8 de dezembro de 2012, a revista The Economist sugeriu que Dilma Rousseff formasse uma nova equipe econômica, esquecesse a demanda, deixasse de se intrometer e demitisse o Mantega – “The Forecaster!”, profeta cujas previsões demasiadamente otimistas já haviam perdido qualquer credibilidade.

Na reportagem intitulada de “Números Errados”, publicada em 19 de janeiro de 2013, a mesma revista indica à presidenta maneiras mais saudáveis de crescer além da contabilidade criativa. E em 28 de setembro de 2013 , com direito a uma capa inesquecível a revista perguntou: “O Brasil Botou Tudo a Perder?”

DEMAGOGIA ELÉTRICA

Eu lembro que a MP 579, aquela do setor elétrico, populista da gema, me deixou de cabelos em pé quando foi anunciada com pompa e circunstância, em horário nobre em 2012. Aquilo só podia dar errado. Como impor controles de preços sobre a eletricidade, sem causar enormes perdas nas empresas de energia públicas? Lembra do Roberto Campos?

“O mercado é apenas o lugar em que as pessoas transacionam livremente entre si. Só isso. Mas não é pouco, porque no seu espaço a interação competitiva entre os agentes econômicos equivale a um plebiscito ininterrupto, que não só permite fazer uma apuração, a todos os momentos revista, das preferências dos indivíduos, como lhes dá uma medição quantitativa, tornando possível, por conseguinte, o cálculo racional”, ensinava.

Em seguida , devido ao congelamento do preço da gasolina, a Petrossauro lucrou R$ 23 bilhões e teve R$ 22 bilhões de prejuízo no Setor de Abastecimento só em 2012. Como é que pode? Estima-se que o rombo total foi de R$ 80 bilhões. Daí foi ladeira abaixo.

VIERAM OS PIBINHOS…

Vieram os protestos juninos, a retomada da inflação, os pibinhos de 2013/2014 ,o Mensalão que, embora não soubéssemos, era sim uma piada petista de salão, Pasadena, o relatório falho do Cerveró, a Lava Jato, o Petrolão, o estelionato eleitoral e… tempestade perfeita.

Lutando para manter seu emprego, Dilma tem feito uns mea culpas disfarçados em travessia, apontando dedo para a China ou outros vilões externos, mas esta crise é autoinfligida, foi Made in Brazil e sob medida. Os problemas têm suas origens em uma série de mudanças políticas que Dilma fez, na esperança de impedir o Brasil de arrefecer muito após o boom. Desastradamente, apostou todas as fichas, achando que podia evitar uma forte desaceleração, através da mobilização dos bancos controlados pelo governo e das empresas de energia.

BAIXOU OS JUROS NA MARRA

Dilma pressionou o BC para reduzir as taxas de juros – resolveu baixar os juros na marra, no meio de uma entrevista na África – e alimentou uma farra de crédito, sobrecarregando os consumidores ludibriados, que agora estão lutando para pagar os empréstimos. Ela cortou impostos para determinadas indústrias domésticas e, indo mais longe, expandiu a influência do BNDES, cuja carteira de empréstimos já ofuscou a do Banco Mundial, só que usando fundos do Tesouro Nacional para aumentar financiamentos – subsidiados pelo contribuinte – para grandes corporações (os campeões nacionais), a taxas significativamente menores do que aquelas privilegiadas empresas poderiam obter junto aos seus bancos.


Dilma também começou a pedalar recursos dos grandes bancos públicos para cobrir déficits orçamentários enquanto ela e o PT faziam o diabo para ganhar as eleições. Deu no que deu.

Essa canalha deliberadamente destruiu as finanças públicas para manter os empregos e a rapinagem. Recuso-me a acreditar, como fingem muitos, que os erros desta senhora tenham sido de natureza ideológica. A tragédia foi mais do que anunciada. De qualquer jeito, os governos não são julgados pelas intenções de quem governa , mas pelos seus resultados. Catastróficos, no caso.

Tribuna da Internet