Os confrontos entre as tropas de Tailândia e Camboja, que já causaram 11 mortos, continuam neste domingo na fronteira apesar da chamada ao cessar-fogo realizado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
O porta-voz do Exército tailandês, coronel Sansern Kaewkamnerd, disse que pelo terceiro dia consecutivo os soldados dos dois países trocaram disparos de fuzil e fogo de artilharia na mesma região dos dias anteriores.
Estes confrontos são travados nos arredores do templo de Ta Kwai (Olho de búfalo) construído durante a era de esplendor do Império Khmer, no século XII, e situado na faixa de fronteira que delimita a província tailandesa de Surin, ao nordeste do país, com a região norte do Camboja.
O templo de Ta Kwai faz parte do antigo complexo arquitetônico de Ta Muen, outro dos legados da milenar civilização khmer cuja soberania é disputada por Tailândia e Camboja.
Após o reatamento dos confrontos, o primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, disse em discurso pela televisão que seu governo "está preparado para prestar total apoio ao Exército para que defenda o território nacional".
"Não devemos cair na armadilha. O Camboja tenta levar a disputa ao âmbito internacional, mas deve ser resolvida em nível bilateral e sem mediação de um terceiro país", afirmou o chefe do governo.
Na sexta-feira passada, pelo menos cinco soldados tailandeses e seis cambojanos morreram, enquanto 30 militares dos dois países ficaram feridos.
Em março, os governos de Camboja e Tailândia aceitaram negociar com a mediação da Indonésia o litígio territorial que travam por causa da soberania de uma pequena região situada ao lado do templo de Preah Vihear, também na fronteira comum.
No entanto, depois a Tailândia mudou de opinião e se negou a negociar uma solução com o Camboja, alegando que a presença de observadores indonésios na área em disputa podia complicar a situação.
Este contencioso entre Camboja e Tailândia ganhou força em 2008, quando o templo foi declarado patrimônio da humanidade e a Unesco o inscreveu dentro do território cambojano.
A Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), cuja presidência temporária é da Indonésia, tratou o conflito em reunião no final de fevereiro e surgiu a iniciativa da mediação.
O bloco regional integra Mianmar (antiga Birmânia), Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Cingapura, Tailândia e Vietnã.
A Tailândia admite que o conjunto de monumentos se encontra em solo cambojano, tal como sentenciou o Tribunal Internacional de Haia em 1962, mas reivindica uma área de 4,6 quilômetros quadrados situada nos arredores do templo.
Os dois países assinaram em 2000 um memorando de entendimento. EFE/FOLHA