Tudo começou com um prato azul de porcelana, 25 anos atrás. Desde então, o canadense Rene Bergeron não parou mais de colecionar objetos relacionados ao Titanic, expostos todos os anos, durante o aniversário do naufrágio, em sua loja de colchões e banheiras na pequena cidade de Cornwall, em Ontário.
Bergeron, considerado o maior colecionador do país, tem cerca de mil artefatos, incluindo uma xícara e um pires de porcelana chinesa, com detalhes em ouro e desenhos exclusivos do navio, que há exatos 100 anos atravessava o Atlântico com mais de 2.200 pessoas a bordo.
"É a tragédia humana que mantém as pessoas curiosas e mantém o Titanic vivo. São mais de duas mil histórias pessoais", disse por telefone o canadense de 38 anos, que passou a se interessar pelo acidente quando menino, ao ver o filme "Somente Deus por Testemunha" (1958).
LEILÕES
Com o centenário do naufrágio neste domingo, dois grandes leilões movimentam as vidas do pequeno clube de fanáticos por Titanic, como Bergeron. Ele não tem como participar da venda da coleção da RMS Titanic, um lote apenas de 5.500 itens por US$ 189 milhões (cerca de R$ 340 milhões), mas fará lances Bonhams, financeiramente mais acessível.
A RMS Titanic, única empresa autorizada a recolher objetos dos destroços, já fez desde 1994 oito incursões ao local, produzindo mapas e filmes em 3D, agora parte da coleção está à venda. Há também um pedaço do casco de 17 toneladas e um famoso anjo de bronze da escadaria do navio.
Atualmente, os artefatos estão espalhados por sete exposições nos EUA.
O vencedor do leilão seria anunciado na terça-feira, mas o evento foi adiado. A firma diz que há "múltiplos interessados" e que as negociações seguem em segredo.
Já no domingo, a casa de leilões nova-iorquina oferecerá objetos de US$ 1.000 a US$ 70 mil, em lances que podem ser feitos também via internet, de qualquer país, após registro no site (www.bonhams.com).
O lote mais barato é uma coleção de jornais da época, enquanto o mais caro é um ingresso intacto para assistir ao lançamento e batismo do Titanic. O batismo nunca aconteceu, e há quem acredite que isto deu início à má sorte dos mais de 1.500 passageiros que não sobreviveram.
FOLHA