sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PC chinês expulsa e acusa Bo Xilai de "múltiplos crimes"


O Partido Comunista da China expulsou nesta sexta-feira o político Bo Xilai de cargos altos do partido e disse que vai entregá-lo para investigações criminais, sob acusação de múltiplos crimes.

Em um comunicado oficial distribuído nesta sexta, o PC chinês diz que, entre outras violações, Bo "teve ou manteve relações sexuais impróprias com múltiplas mulheres".

A decisão do partido abre uma nova fase no escândalo envolvendo Bo, que caiu em desgraça e perdeu a influência que teria no processo de sucessão de liderança na China.

A esposa da Bo e o ex-chefe de polícia subordinado a ele foram presos por causa do escândalo que se iniciou a partir do assassinato do empresário britânico Neil Heywood, na cidade de Chongqing, sudoeste do país, onde Bo era o chefe do Partido Comunista.

O comunicado divulgado pela agência de notícias oficial Xinhua disse que no escândalo em torno do assassinato de Heywood, Bo "abusou de seus poderes de gabinete, cometeu sérios erros e carrega grande responsabilidade".

"As ações de Bo Xilai criaram graves repercussões, e danificaram enormemente a reputação do partido e do Estado", disse a nota.

EXPULSÃO DO PARTIDO

Bo foi expulso do partido bem como do Politbuto e Comitê Central (os centros de decisão) "em vista de seus erros e pela culpabilidade no episódio Wang Lijun e o caso do homicídio intencional envolvendo Bogu Kailai".

Bogu é o sobrenome, raramente usado, da mulher do funcionário caído em desgraça.

"As graves violações da disciplina do partido" por parte de Bo mencionam episódios de seu passado como funcionário em Dalian e Liaoning, e no Ministério do Comércio, aponta a agência estatal de notícias Xinhua.

O anúncio ocorre semana antes de um importante congresso do PC chinês, quando devem ser reveladas as novas lideranças do partido. O congresso começa em Pequim, no dia 8 de novembro.

Bo, 63, era visto como uma das futuras lideranças do partido, antes que sua carreira política saísse dos trilhos com o caso de Wang Lijun.

Em fevereiro, o ex-chefe de polícia de Chongqing (e ex-braço direito de Bo) pediu refúgio no consulado americano, e acusou mais que a mulher do funcionário havia envenenado Heywood.

REUTERS/FOLHA DE S. PAULO