quinta-feira, 15 de novembro de 2012

China conclui hoje transferência de poder para comitê liderado por Jinping


PEQUIM - A China concluiu nesta quinta-feira,15, sua mais ampla transição de poder em uma década, com a escolha de Xi Jinping para a chefia do Partido Comunista, a mais importante posição na hierarquia de comando do país. O novo dirigente também assumiu a direção das Forças Amadas, o que fortalece sua posição para enfrentar os problemas diante da organização, entre os quais destacou a corrupção.
Os novos integrantes do órgão de cúpula do partido - o Comitê Permanente do Politburo - apareceram diante da imprensa às 11h55 de hoje em Pequim (1h55, horário de Brasília). Xi Jinping, 59, comandará a nova geração de líderes ao lado de Li Keqiang, 57. Ambos dividirão o poder com os demais cinco integrantes do Comitê Permanente, todos mais velhos: Zhang Dejiang, 65, Yu Zhengsheng, 67, Liu Yunshan, 65, Wang Qishan, 64, e Zhang Gaoli, 65.
No modelo de direção colegiada estabelecido na China, Xi Jinping precisará do apoio de seus pares no órgão para definir os rumos do país nos próximos cinco anos, ao fim dos quais será realizado um novo congresso do Partido Comunista.
A maioria dos analistas acredita que o Comitê Permanente do Politburo eleito ontem pelo Comitê Central do Partido tem um caráter conservador. Dois reformistas que eram cotados para entrar no organismo foram preteridos: Wang Yang, 57, o chefe "liberal" da província sulista de Guangdong, e Li Yuanchao, 61, responsável pelo Departamento de Organização do Partido Comunista.
A tendência à continuidade é enfatizada pelo fato de que todos os eleitos para o órgão de cúpula já integravam o Politburo, a entidade de 25 membros que ocupa o segundo lugar na hierarquia de poder da China.
No discurso que realizou depois da apresentação do grupo, Xi Jinping afirmou que o Partido Comunista é o grande responsável pela "renovação" da nação chinesa depois das dificuldades e turbulências enfrentadas no período moderno - quando o país foi ocupado por potências estrangeiras e dividido pela guerra civil.
Mas ele ressaltou que a organização está diante de "severos desafios", entre os quais destacou a "corrupção"  e o "recebimento de propinas" por seus dirigentes, muitos dos quais estão "fora do alcance" da população.
"Nossa responsabilidade é trabalhar com cada camarada do partido para assegurar que o partido supervisione sua própria conduta e imponha estrita disciplina", declarou em discurso transmitido ao vivo pela TV estatal.
A transição de poder ocorreu sob o impacto da expulsão de Bo Xilai, o ex-líder comunista que protagonizou o maior escândalo do país em décadas. Líder da megacidade de Chongqing até março, Bo Xilai foi afastado do cargo e acusado de corrupção e abuso de poder. Sua mulher, Gu Kailai, foi condenada a pena de morte com suspensão de dois anos pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood, que amanheceu morto em um hotel de Chongqing há um ano.
No discurso, Xi Jinping também deu destaque a questões de caráter social que estão no topo das preocupações dos chineses, ao lado da corrupção. Em uma lista das aspirações da população, ele mencionou a necessidade de melhoria nas seguintes áreas: educação, emprego, seguridade social, assistência médica, moradia e meio ambiente.
Xi só assumirá o terceiro e menos importante de seus cargos em março, quando Hu Jintao lhe entregará a presidência da China, durante o Congresso Nacional do Povo, o equivalente local de parlamento. No mesmo encontro, Li Keqiang receberá de Wen Jiabao o posto de primeiro-ministro do país.
ESTADÃO