Mauro Santayana
Hoje em Dia
Seguindo o tom alarmista e catastrofista que tem adotado nos últimos
tempos com relação ao Brasil, o periódico britânico Financial Times
publicou artigo colocando em dúvida a previsão de que o país possa se
tornar um dos maiores produtores mundiais de petróleo nos próximos anos.
No texto, o FT alerta para “possíveis problemas financeiros”
decorrentes das denúncias de corrupção na empresa; cita a queda do preço
do petróleo no mercado internacional como outro fator negativo; e, após
ouvir “analistas”, conclui que “a exploração do pré-sal” não é mais
viável, no Brasil, para a Petrobras.
Ao fazer isso, o Financial Times parece ignorar, olimpicamente, fatos
concretos, alguns deles, recentes. O primeiro, é que a exploração de
petróleo do pré-sal não é uma hipótese – ela atingiu 824,2 mil barris
diários no dia 3 de março, em petróleo equivalente (670 mil barris de
petróleo e o restante em gás), com 43 poços produtores. O segundo, é
que a produção total de petróleo continua crescendo no Brasil.
PRODUÇÃO AUMENTA
Em janeiro, a produção nacional aumentou mais de 22% com relação ao
mesmo período do ano passado, com 92,2% sendo gerada pela Petrobras, que
em novembro, já havia ultrapassado a EXXON norte-americana como a maior
produtora de petróleo do planeta entre as companhias de capital aberto.
Quanto à baixa cotação do petróleo no mercado internacional, a
Petrobras é uma empresa que será cada vez menos, no futuro, uma
produtora de petróleo bruto destinado ao mercado externo, e, cada vez
mais, um grupo de energia que – do poço à bomba – produz combustíveis e
lubrificantes acabados destinados principalmente ao mercado interno.
Mesmo que não fosse assim, a cotação do petróleo tende a se recuperar
a médio prazo, com o fechamento de empresas norte-americanas produtoras
de gás de xisto. Há, ainda, a pressão de membros da OPEP por cortes na
produção da Arábia Saudita. E haverá aumento do consumo nos dois maiores
mercados do mundo, com a recuperação da economia norte-americana e das
exportações chinesas, como se viu no início do ano.
ALTA TECNOLOGIA
O FT não diz, mas o grande capital da Petrobras é a tecnologia que só
ela detêm, e que está fazendo com que receba, pela terceira vez, no mês
que vem, o “oscar” da indústria petrolífera mundial, o OTC
Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations, and
Institutions, em reconhecimento ao know-how desenvolvido para a produção
no pré-sal.
Também na semana passada, por exemplo, foi iniciada a produção do
campo marinho de Hadrian South, localizado a cerca de 370 quilômetros da
costa da Louisiana, o quinto em produção pela Petrobras em águas
ultra-profundas dos Estados Unidos, na região do Golfo do México –
porque não existem empresas 100% norteamericanas para fazê-lo – mas
isso, é claro, o Financial Times não deu.
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