sábado, 18 de abril de 2015

GUERRAS DO OCIDENTE MATARAM 4 MILHÕES DE ISLAMITAS DESDE 1990

Nafeez Ahmed
Middle East Eye

Mês passado, a organização Médicos pela Responsabilidade Social [orig. Physicians for Social Responsibility (PRS)] que tem sede em Washington divulgou estudo crucialmente importante, no qual a organização conclui que o número de mortos nos dez anos da “Guerra ao Terror” desde os ataques de 11/9 é de no mínimo 1,3 milhão de pessoas e pode ultrapassar os dois milhões. 

Desde 1990, o espantoso número sobe para 4 milhões.

O relatório de 97 páginas, distribuído pela organização de médicos que já recebeu um Prêmio Nobel é o primeiro estudo dedicado a estimar o número de civis mortos nas intervenções de contraterrorismo comandadas pelos EUA no Iraque, Afeganistão e Paquistão.

O relatório da PSR é assinado por uma equipe interdisciplinar de especialistas, entre os quais o Dr. Robert Gould, diretor DE formação e educação profissional médica no Centro Médico da University of California San Francisco; e o professor Tim Takaro, da Faculdade de Ciências da Saúde na Simon Fraser University.

ESTUDO HISTÓRICO

Até aqui completamente apagado de todos os veículos da mídia-empresa comercial em língua inglesa, trata-se de estudo histórico revolucionário e primeira tentativa, realizada por organização de saúde pública de renome mundial, para produzir informação confiável sobre o número de vítimas civis, assassinadas na “guerra ao terror” comandada por EUA e Reino Unido.

O relatório da PSR é apresentado pelo Dr. Hans von Sponeck, ex-vice-secretário-geral da ONU, como “contribuição significativa para diminuir o fosso que separa estimativas confiáveis do número de vítimas da guerra, especialmente civis no Iraque, Afeganistão e Paquistão, e números tendenciosos, manipulados e até fraudulentos”.

O relatório faz uma revisão de estimativas anteriores do número de mortes da “guerra ao terror”. E é duramente crítico do número mais frequentemente citado pela mídia-empresa comercial como número confiável, a saber o índice Iraque Body Count (IBC) que notifica 110 mil mortos. 

Esse número é construído a partir de outras ‘estimativas’ publicadas pelos veículos da mídia-empresa comercial, mas o estudo da organização PSR identifica graves lacunas e erros de metodologia nesse tipo de abordagem.

UM EXEMPLO

Por exemplo, apesar de 40 mil cadáveres terem sido sepultados em Najaf desde o início da guerra, o índice jornalístico IBC só registrou, para o mesmo período, 1.354 mortes em Najaf.

 Esse exemplo mostra como é grande a diferença entre os números jornalísticos do IBC e o número real de mortos –, nesse caso o número de mortos que a mídia-empresa comercial está divulgando é 30 vezes menor que o número real.

Esse tipo de discrepâncias são encontráveis em todo o banco de dados do índice IBC com o qual trabalha a mídia-empresa comercial.

 Noutro campo, o índice IBC registrou apenas três ataques aéreos num período em 2005, quando o número de ataques realmente cresceu de 25 para 120 naquele ano. 

Dessa vez, o número que a mídia-empresa comercial está divulgando é 40 vezes menor que o número real.

PRÓXIMO DA REALIDADE

Segundo o estudo da PSR, até o muito discutível estudo publicado pela revista Lancet, que estimava em 655 mil o número de mortos no Iraque até 2006 (e mais de um milhão até hoje, por extrapolação) estava mais próximo da realidade que os números jornalísticos do índice IBC.
De fato, o relatório recém lançado confirma o que já é consensual entre os epidemiologistas quanto à confiabilidade do estudo publicado em Lancet. Mas, apesar de algumas críticas bem fundamentadas, a metodologia estatística ali aplicada é a mesma universalmente reconhecida para determinar números de mortos em zonas de conflito, usadas pelas agências internacionais e por governos.
(artigo enviado por Sergio Caldieri, com tradução da Vila Vudu)

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