O TempoAcílio Lara Resende
O jornalista Fernando Gabeira disse em sua coluna, no domingo
passado, que encontrou na crise brasileira, em semana tensa no Paraná,
momentos de humor.
O humor foi despertado não pelo que fez contra os
professores o governador Beto Richa (que agora diz sentir dor até na
alma…) nem pelo nome (“Beckenbauer Rivelino, um craque na produção de
notas frias”) do dono da gráfica Casa Verde, que serviu ao PT, mas pela
caçada ao ministro da Pesca, Helder Barbalho (parente de quem mesmo?).
Ele foi convocado, por edital do Ministério da Saúde, para prestar
esclarecimentos… Barbalho, como se sabe (será mesmo que todos os
brasileiros sabem disso?), faz parte do enorme contingente de ministros
“comandados” (?) pela presidente da República.
Qualquer um de nós pode passar por momentos difíceis – no país, em
casa, no seu trabalho ou até mesmo pessoalmente. Há pessoas que “não dão
conta” de situações embaraçosas.
A expressão é usada por psiquiatras ao
tentar ajudar o paciente que está “mal dos nervos”, em virtude de
problemas cujas soluções estão acima da sua capacidade ou fora da sua
alçada. Somos, pois, mortais e, por isso, perfeitamente capazes de “não
dar conta” de situações, além de embaraçosas, profundamente doloridas.
O
ideal seria, então, olhar com uma boa dose de bom humor até mesmo a dor
e o sofrimento? Foi isso o que, no fundo, sugeriu Gabeira a qualquer um
de nós, leitores.
Já passei por muitas situações difíceis, embaraçosas ou até mesmo de
profunda dor. Já vivi, no país, crises homéricas. Cheguei a pensar que o
fim chegara, mas mantive o bom humor.
Hoje, porém, estou quase “não
dando conta” da situação de descalabro por que passa o país, agravada
pelas notícias que diariamente recebo dos jornais e/ou dos inúmeros e
repetitivos noticiários das emissoras de rádio e televisão.
RECEITA INFALÍVEL
Será que também eu colaboro com o mau humor? A solução, para o meu
caso, seria fácil, poderia dizer qualquer um que me esteja lendo agora.
Bastaria, para combater o mal, uma receita (medicamentosa) oportuna e
adequada: não ler jornais nem ouvir notícias de emissoras de rádio e
televisão.
Cortaria o mal pela raiz.
Enquanto não tomo essa providência, registro aqui dois assuntos
capazes não só de impedir o bom humor, mas de despertar em mim a chamada
“raiva santa”.
O primeiro diz respeito à indicação do advogado
paranaense Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal, que –
concordo com Míriam Leitão – “usou uma brecha na legislação para
acumular os cargos de procurador e advogado no Paraná”.
Não quero
discutir se ele tem cobertura jurídica e ética ou não. Na verdade, tenho
apenas uma pergunta: como se explica o quase futuro ministro do STF aos
seus colegas procuradores? Nunca se sentiu nem um pouco constrangido
por ter gozado (sozinho?) do “favor legal”?
O segundo diz respeito ao ex-presidente Pepe Mujica, que deixou a
Presidência do Uruguai e, ao mesmo tempo, algumas lições convincentes,
aplaudidas por mim com entusiasmo e, com certeza, por todos os cidadãos
bem-intencionados deste mundo.
Mas, neste instante, o velho guerrilheiro
pisou feio na bola. Então ele não disse nada daquilo que está no livro
sobre Lula? Mas ele não foi ao lançamento da obra que escreveram os
jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz? Ou ele não leu o que
escreveram? É essa a única dúvida, levantada agora, que ele tem sobre o
que disse? Ele acha que somos bobos? Que coisa feia!
Tribuna da Internet