Paulo de Tarso Lyra e Julia Chaib
Correio Braziliense
Correio Braziliense
A vitória apertada do governo na votação da Medida Provisória 665 —
que altera as regras do seguro-desemprego e do abono salarial — ditará o
ritmo das nomeações do segundo escalão do governo federal. Quem votou a
favor nos últimos dias terá as indicações aceleradas.
Aqueles que
ficaram contra, mas “têm um bom histórico de fidelidade”, segundo apurou
o Correio, serão colocados na geladeira por um tempo, podendo ter os
pleitos atendidos em um momento posterior.
Já quem votou contra a MP e
que tem, reiteradamente, se queixado do tratamento recebido será
ignorado solenemente pelo Planalto.
O PMDB, que comanda a articulação política e tem tido suas demandas
prestigiadas pelo governo, segue dando caneladas nos petistas.
O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), afirmou que o PT só cumpriu
com 80% do acordado na votação da primeira medida provisória do ajuste
fiscal, já que apenas 54 dos 64 deputados seguiram a orientação para
votar com o governo. “Uma parte dos petistas fugiu do plenário para não
votar e ficar mal com seus eleitores.
Os nove que fugiram para não
contrariar seus eleitores deveriam assumir publicamente as suas
posições. O PMDB queria que o PT assumisse a defesa do ajuste. Eles
assumiram, mas não entregaram todos os votos”, provocou Cunha.
PRIMEIROS NOMES
Os peemedebistas já emplacaram a presidência da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) e a do Banco do Nordeste.
Espera ainda a
confirmação de Djalma Berger, ex-prefeito de São José (SC) e irmão do
senador Dário Berger (PMDB-SC), para a presidência da Eletrosul e de
Rebeca Garcia — do PP, mas apadrinhada pelo ministro de Minas e Energia,
Eduardo Braga — para a Superintendência da Zona Franca de Manaus
(Suframa).
Prestigiado, o vice-presidente Michel Temer foi pessoalmente elogiado
pela presidente Dilma Rousseff, que classificou o trabalho dele com as
bancadas aliadas, e até mesmo com os partidos de oposição, como
fundamental para a vitória da MP.
Na quarta-feira, horas antes da
votação do texto-base, Temer almoçou com um grupo de deputados do DEM,
acompanhado do prefeito de Salvador, ACM Neto, e conseguiu que eles
votassem a favor do ajuste.
“O Aleluia (deputado José Carlos Aleluia, um dos demistas
convencidos) é muito firme ideologicamente sobre a necessidade do
ajuste. Respeito, embora ache que esta proposta prejudique apenas os
trabalhadores”, lamentou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Quando a gente pensa que a política já chegou ao fundo do poço, o governo e os parlamentares fazem questão de caírem ainda mais. Trocar votos por nomeações, numa crise deste porte, sinceramente… (C.N.)
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