sábado, 23 de maio de 2015

NÃO HAVERÁ REFORMA

Carlos Chagas
 
Como previsto há meses, dará em nada essa nova tentativa de realização da reforma política. 

Tanto faz se o presidente da Câmara transferiu da Comissão Especial para o plenário a votação a respeito das propostas.

 Nenhuma delas de importância fundamental obterá, nesta semana, a maioria necessária para tornar-se lei.

 Os interesses são tão conflitantes, nas bancadas e isoladamente, que sempre se registrarão mais recusas do que aceitações.

 Discordâncias em número superior a consensos.

 O impasse demonstra a multiplicidade de opiniões e torna impossível qualquer aprimoramento institucional adotado pelos métodos ortodoxos, em condições normais de temperatura e pressão. 

Chegamos a uma situação oposta à que aconteceu na França antes do retorno do general De Gaulle. Como não temos nenhuma colônia do tipo da Argélia para impulsionar a roda do tempo, não há sinal de inusitados e explosões capazes de gerar drásticas soluções.

CORTES NEBULOSOS

Mais do que nebulosos, os cortes ao orçamento sugeridos ontem pelo governo, constituem a evidência de estar a presidente Dilma na situação daquele cego perigosamente colocado no meio do tiroteio.

 Educação, saúde e segurança foram atingidos, valendo muito pouco a informação de que o lucro dos bancos será taxado em 20%, mais do que os 15% atuais.

 Porque a diferença será logo transferida para os correntistas e depositantes.

Enquanto os juros não baixarem de forma drástica, de nada adiantarão as manipulações de números e o corte de despesas em políticas públicas.

 A presidente tentou reduzir o impacto de mudanças na legislação trabalhista, mas não enganou ninguém. Perdeu o que poderia ter sido uma oportunidade para continuar a governar, coisa que deixou de fazer logo depois de reeleita.

 Ninguém governa para restringir.

Do seu próprio partido, o PT, assim como das centrais sindicais e de associações da sociedade civil partem protestos diante do dito ajuste fiscal.

 Para compensar, o governo anuncia taxar mais o lucro dos bancos, mas impede qualquer restrição à evasão de recursos para o exterior.

 Em suma, não é por aí que a economia irá recuperar-se.

 No reverso da medalha, a redução de direitos trabalhistas, o aumento de impostos e tarifas, bem como dos combustíveis, da energia elétrica, da água e dos gêneros de primeira necessidade significam estar o tiroteio cada vez mais acirrado, com Madame postada bem no meio.

Tribuna da Internet