Pedro do Coutto
Aceitando como verdade a opinião de conselheiros do Planalto, a
presidente Dilma Rousseff – reportagem de Simone Iglesias e Luiz Damé, O
Globo, edição de 28 – decidiu cancelar seu pronunciamento por uma rede
nacional de televisão e rádio pela passagem de 1º de maio, Dia do
Trabalho.
Preferiu, acentua a matéria, usar as redes sociais. Confirmada
a informação, terá cometido um erro enorme. Em primeiro lugar porque
ficou implícito o temor de uma reação popular contrária, atitude que
terá como reflexo aumentar o índice de impopularidade que a envolve no
momento.
Em segundo porque, está evidente, as emissoras vão
inevitavelmente repetir suas palavras divulgadas pelas ondas da
Internet. No fim o efeito será o mesmo se falasse diretamente pela TV.
Incrível como se comete erros banais no campo da comunicação. A
questão não é de forma, nem do meio utilizado. A questão encontra-se no
conteúdo da mensagem veiculada.
Mc Luhan errou, penso eu, em sustentar
que o meio é mensagem. Nem sempre. Por exemplo: uma notícia ruim
transmitida através de fonte possante, por este fato, não se torna
positiva em si, tampouco seu efeito social.
O conteúdo positivo, isso sim, sobrepõe-se ao meio através do qual
venha a ser divulgado à sociedade. Sobretudo porque os meios fortes – é o
que acontece na prática, muitas vezes – acabam repetindo as matérias
geradas na frente pelas demais fontes.
O jornalismo está cheio de
exemplos nesse sentido. Os profissionais da imprensa têm plena
consciência desse processo.
ATIVIDADE ABERTA
A comunicação é uma atividade aberta a todos e, assim, surgem os
assessores de comunicação que nunca trabalharam em jornal, mas se julgam
capazes de formalizar até tese de comunicação e comunicabilidade.
Fenômeno engraçado seria esse, se não causasse prejuízos pessoais diretos e indiretos àqueles que seguem tais opiniões vazias.
Fenômeno engraçado seria esse, se não causasse prejuízos pessoais diretos e indiretos àqueles que seguem tais opiniões vazias.
Dilma
Rousseff deveria ir à televisão no Dia do Trabalho – isso sim – levando
informações positivas de interesse dos trabalhadores.
Mas o que se vê no panorama?
Exatamente o contrário. Notícias ruins,
perspectivas desfavoráveis que abatem a esperança, matéria essencial
para a existência humana. Vejam só a questão dos financiamentos de
imóveis pela Caixa Econômica Federal.
Na opinião de meu amigo Afonso
Rastolho, ex-diretor da CEF, as restrições vão causar enorme retração no
mercado imobiliário.
Não é para menos. Reportagem de Geralda Doca, Clarice Spitz e Marcelo
Correa, também no Globo de terça-feira, destaca a realidade agressiva
das mudanças estabelecidas pelo governo.
MAIS DIFICULDADES
Para os imóveis de valor até 700 mil reais, o financiamento que era
de 80% passa a ser de 50. Para um prazo de 5 anos, as prestações, em
valores a serem corrigidos com o passar dos meses, passam de 1 mil e 900
mensais para 4,8 mil reis por mês. Para os imóveis de 1 milhão de
reais, o financiamento desce da escala de 70% para apenas 40. Com isso,
as 60 prestações mensais passam de 4,2 mil para 8,3 mil reais a cada 30
dias. Acrescente-se a isso os montantes das entradas. No primeiro caso,
passam a ser de 140 mil para 350 mil. No segundo ( financiamento de 1
milhão ) passam de 300 mil para 600.
Afonso Castilho prevê sérias dificuldades para o setor da construção
civil e também para as famílias que desejam adquirir casa própria.
Inclusive porque, digo eu, os salários não vão crescer na proporção,
nem de longe, do aumento projetado para as prestações. O mercado não
possui condições de enfrentar tais elevações além do teto possível.
Notícias como essas derrubam qualquer pronunciamento, inclusive por intermédio das redes sócias. O conteúdo, não o meio, é que faz a diferença. O povo sabe distinguir muito bem onde está a verdade.
Notícias como essas derrubam qualquer pronunciamento, inclusive por intermédio das redes sócias. O conteúdo, não o meio, é que faz a diferença. O povo sabe distinguir muito bem onde está a verdade.
Tribuna da Internet