Vicente Nunes
Correio Braziliense
Em termos de contração econômica, a situação vivida pelo Brasil hoje é
semelhante à que se viu nos Estados Unidos entre 2008 e 2009, logo
depois do estouro da bolha imobiliária.
A grande diferença é que os
norte-americanos puderam dar estímulos à atividade.
Com a inflação
baixa, o Federal Reserve (Fed), o BC dos EUA, jogou as taxas de juros
para próximo de zero. Além disso, injetou trilhões de dólares na
economia a fim de estimular o consumo.
O Brasil está de mãos atadas.
A inflação se mantém, persistentemente,
acima de 8%, obrigando o Comitê de Política Monetária (Copom) a pesar a
mão sobre a taxa básica (Selic), a ponto de os analistas já falarem em
juros de 14% ao ano — estão em 13,25%.
O caixa do Tesouro Nacional está destruído. Não há confiança na
presidente Dilma.
Por mais que ela tenha terceirizado a administração —
na política, o comando está com o vice-presidente Michel Temer; na
economia, com Joaquim Levy —, os agentes econômicos temem retrocessos.
Pode ser que o BC de Alexandre Tombini finalmente cumpra a promessa
de levar a inflação para o centro da meta ao fim do ano que vem.
Será
motivo de regozijo pela população, sobretudo a mais pobre, que já
enfrenta dificuldades para levar comida à mesa.
Mas dizer que o sucesso
da autoridade monetária é o passaporte para um futuro promissor requer
muita boa vontade.
Nem mesmo no país de ficção que o PT apresenta em
seus programas eleitorais isso seria possível.
Tribuna da Internet