Flávio José Bortolotto
A economia política é igual à Astronomia: o que parece não é, o que
não parece, é. Aparentemente, a Terra seria o centro do Universo e o Sol
giraria ao redor da Terra, dando uma volta completa cada dia. Nada mais
falso.
Também aparentemente, taxar os mais ricos com mais um IGV (Imposto
sobre Grandes Fortunas) é fazer justiça social. Nada mais falso. Os
ricos facilmente se livram desse IGV, montando uma empresa. Aliás, todos
já fizeram isso, porque assim pagam menos Imposto de Renda.
E se subirmos o Imposto de Renda. Bem, se aumentarmos demais, haverá
uma grande evasão de capital, tanto de Pessoas Jurídicas como de Pessoas
Físicas. Na França se notou nitidamente isso, e o prejuízo para o
Estado foi e é enorme. Depois, mesmo que o Estado dê uma marcha a ré, o
capital não volta mais. Cachorro mordido por cobra…
Os ricos são os seres mais astutos que existem – se não eles, com
certeza seus advogados e contadores. Jamais os pegaremos, com uma
armadilha assim tão tosca.
Nossa solução para taxar mais os ricos é alardear tudo ao contrário,
dizer o que Brasil será o paraíso dos ricos. Atraí-los de todo o mundo.
Dizer que a economia do Brasil é “business friendly” (amiga do capital),
que nosso objetivo é enriquecer os pobres e não empobrecer os ricos.
Criar leis incentivando doações para fundações, escolas, hospitais,
universidades, institutos de pesquisas, creches, etc., etc., porque o
rico é muito sensível a ter seu nome em letras garrafais na fachada dos
prédios, se imortalizando, etc., etc.
Usar ao máximo, em nossa economia, as qualidades dos ricos em
organização, empreendedorismo, inovação, e mesmo administração. Depois,
taxá-los normalmente com as atuais leis em vigor.
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LEMBREMOS DO QUE MARX ENSINOU…
Celso Serra
Concordo plenamente com a posição do comentarista Flávio José
Bortolotto. A ideia de criar o Imposto sobre Grandes Fortunas é senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), o que impõe forte dose de desconfiança ao
assunto. Já sabemos como os petralhas se comportam quando suas mãos
alcançam o dinheiro público.
Outro aspecto é a desconsideração de premissa básica escrita por Karl
Marx, uma verdade absoluta: “O capital migra”. Isso foi escrito no
século 19, quando era o ouro a reserva de valor e os capitalistas tinham
que se utilizar de embarcações para transportá-lo. Agora, a migração é
infinitamente mais fácil, pois basta acionar poucas teclas de um
computador.
No mais, aqui em nossa pátria amada, situada em sua maior parte ao
sul da linha do Equador, bem sabemos que a credibilidade do atual
governo é zero e que a fuga de capitais seria fabulosa. E onde não há
confiança, é difícil a ocorrência de investimentos. Esta é a realidade
que as aparências não podem alterar.
Tribuna da Internet